Todo o menino sonha, nos seus devaneios pueris, em ser homem realizado em sua profissão de sonhos, completar as lutas contra os seus vilões mnemônicos e ser o herói da sua própria guerra. Contudo, o tempo passa e o encontro fantasioso entre o seu mundo e o mundo real causa choque, dor e até mesmo a morte de um herói jovem e valente.
Nos sonhos todos os dragões são como pequenos lagartos inofensivos, não cospem fogo, nem enclausuram a linda princesa em uma torre de castelo longínqua forçando uma medida drástica que arrisque a vida do herói mais belo de todos. Nos sonhos todos os reis são fortes aliados dos heróis, provedores de exércitos invencíveis e inimagináveis. Todos os heróis são, nos sonhos, aclamados pelos deuses, queridos pelos homens, amados pelas mulheres e odiados pelos vilões. Nos sonhos todas as cores são vivas, todos os aromas são inigualáveis, todos os sentidos são amplos e vivos. Nos sonhos...
Quando o herói cruza a fronteira entre o sonho e o real vê que os seus lagartos inofensivos se transmutam em enormes Dragões-de-Komodo, que matam os sonhos em segundos. Vê que a torre onde está a princesa é mais bem guardada que qualquer outro tesouro de nível global. Vê que as tranças da sua princesa são, na verdade, enormes cactos espinhosos. Vê que os seus reis são os seus piores vilões. Vê que o seu exército é de um só homem fraco, pobre, fatigado e sem glória.
Os heróis crescem, deixam de sonhar e veem os seus sonhos tragados pelo buraco negro da realidade. De repente, não se sabe de onde, na escuridão surge uma luz, um brilho forte e intenso que absorve a negritude opaca da realidade refletindo a glória de um herói adormecido, cuja força aparente brota de um lindo urso, ora conselheiro nos sonhos heróicos do menino, ora melhor amigo na realidade de um homem/menino/herói. Por isso, todo sonho é belo, todo sonho é luta, toda realidade é constantemente afetada pela interação dos sonhos e nessa interação o herói aparece, como um espelho da infância, que reflete o homem herói de todos nós!
rascunho